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Em tempos de isolamento, momentos em que estamos,muitas vezes sós com os nossos próprios pensamentos, a mente passeia, vaga e busca algum lugar para aterrissar.

Nesses dias de reclusão voluntária, não é difícil de notar uma onda nostálgica que nos leva no mar de lembranças durante esse período.

Me vi como a jovem que tinha grandes sonhos com sua escrita e produções audiovisuais. Além de uma viagem para conhecer a terra de sua maior “ídola”.

Encontrei com uma pessoa que não reconheci. Que tinha medo, mas não deixava que ele a paralisasse (tá, deixava, mas não com a frequência).

Os traços ainda são os mesmos, a altura também. O coração um pouco mais peludo. A mente um pouco mais embaralhada.

E um sentimento que sempre esteve lá. Um que cresceu ao longo do tempo. A nostalgia por aquilo que eu nunca vivi. Combinado com a sensação de tempo perdido. Como se fosse tarde demais para começar algo.

E a cada ano que passou, aceitei essa verdade. E agora vejo como isso minou a minha persona do passado.

Outras pessoas têm reações diferentes à situação. Lembram os tempos antigos como áureos. Os melhores. Sem defeitos.

Sentem falta de tudo e de todos, de cada rua que andaram, aos amigos que ficaram para trás ou os programas que não passam mais na TV.

Tem gente que prefere nem lembrar do que ficou lá longe. Mas não esquecem no “passado recente”, das socializações, dos amigos, amores e familiares que estão presentes somente através das frias telas de seus smartphones e computadores.

Estar somente com a nossa memória, presos 24 horas à saudade (do passado, passado semi-presente ou futuro), deixa qualquer nostalgia, como diziam os jovens, no talo! (tradução: no nível máximo).

Nossos quadradinhos de afastamento (bem privilegiados, inclusive) nos deixam com a vida passando em um loop da retrospectiva do final do ano. Separando episódios a cada dia.

Mas, se tivermos sorte, em um segundo de epifania gerada pela overdose de nostalgia (e depois de algumas sessões de choro e hiperventilação) vem a vontade de ser mais que isso. De mostrar para o passado que não estamos totalmente perdidos e, para o futuro, que ainda tem chão para percorrer.

Em um lampejo de coerência, vindo a partir de um vórtice nostálgico musical, lembrei de quem era (e de quem almeja ser). Dos medos que eu tinha (e os que eu não tinha) e alinhei tudo na “cama da mente”, tipo quando vamos arrumar a mala viajar.

Nesse momento, a única solução que me parece viável é selecionar aquilo que vai para a bagagem. O que será levado quando atravessar o portal dessa pandemia!

Ainda que o melhor de nós (ou da vida) pareça ter ficado em algum lugar no tempo, porque não podemos tentar de novo, criar novas oportunidades de ter as mesmas alegrias, os mesmo sonhos?

Não dá para ser completamente igual. (E tá tudo bem, lembre-se que o véu da lembrança deixa a realidade embaçada). Mas podemos erguer a cabeça e fazer um esforço para ter mais momentos como aqueles que tanto recordamos e sentimos falta.

Se não tem o desenho da infância, que bom que você pode ver as reprises. Se algumas pessoas já se foram, ainda bem que pudemos ter a chance de conviver com elas pela tempo que foi possível. Se perdemos algumas chances, porque não aprender com o que errados e tentar de novo assim que pudermos?

Enquanto houver casa pra andar no Jogo da Vida, a gente vai jogar esses dados. Algumas escolhas serão eternas pedras no nosso sapato. Decisões erradas acabam voltando para nos atormentar. Alguns monstros são mais difíceis mesmo de mandar embora.

Como a Katia já cantou, não está sendo fácil. Mas vamos conseguir superar.

A nostalgia pode ser a nossa âncora, mas não para nos afundar no meio do mar! Ela tem a enorme capacidade de nos manter seguros no porto enquanto aproveitamos ciclos de retiros para reorganização das ideias.Vamos utilizá-la da melhor maneira que encontrarmos! Que ela nos alce e não nos submerja!

Foto por Leah Kelley em Pexels.com

 

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