Nessa bela segunda calorenta, a playlist não poderia ter outra temática senão uma banda que encheu muitos corações e ouvidos de alegria nas últimas semanas!! Bora de Coldplay!
A vida se tornou uma mesa com uma pilha de materiais amontoados. Livros, papéis, canetas e equipamentos. Em um caos que impossibilita encontrar qualquer coisa.
Não há como começar a organização. O fio da meada foi perdido. Espero que não para sempre.
Onde foi parar o foco que eu deixei aqui nessas linhas? Será que estava na introdução? Eu sei que comecei com ele ao meu lado.
Deixei entre a busca de sinôninos, verbos e expressões?
Achei que tinha sentido quando comecei, mas tenho a impressão de que essa é a história da minha vida diária nos últimos tempos.
Saio por uma porta e, ao voltar, a casa só tem janelas. Não era a mesma residência da qual sai. E eu não faço a menor ideia de onde fui parar.
Nem onde as minhas ideias terminaram.
Aliás, nem sei mais qual era o começo.
Esse tempo perdido que nunca mais vai voltar. Gasto com uma verborragia que não teve utilidade. Ou pareceu não ter.
Acho que fiquei confusa no meio do caminho. Não sei onde cheguei.
Se alguém estiver passando por essas bandas e me encontrar, por gentileza, aponte o retorno.
Aqui deve ser o fim. Bom, se eu colocar um ponto final, deve ser. É o melhor que posso fazer nesse momento.
Então, não sabendo por onde comecei, termino aqui.
…eu conseguisse terminar tudo aquilo que comecei (incluindo todas aquelas pequenas frases, sonhos e criações que estão jogadas entre cadernos, blocos de notas e cantos esquecidos da minha mente) … eu pudesse viver pelo menos um dia sem ficar ansiosa com a rápida passagem do tempo que parece correr na velocidade 1.5 de áudio de zap de tão ligeiro. … eu soubesse como não ser tão crítica comigo mesma, não me pressionar tanto nas metas e etapas absurdas criadas por mim para servirem de parâmetro de sucesso e fracasso. … eu aceitasse as minhas limitações como parte integrante da existência. Não como fatores desmerecedores, mas de maneira a impulsionar novas formas de resolver questões e desafios da jornada. … eu não guardasse tantos sentimentos em uma caixinha lá no fundo do coração. Pegando pó, juntando teias de aranha e criando buracos de tristeza e ressentimento. Aquela saudade que eu nunca vou dizer que senti, mágoa por algo que aconteceu e nunca foi resolvido. Tanta coisa que poderia ser liberada, espaço para novas emoções melhores. … eu fosse mais corajosa, não me deixando levar pelas vozes ‘gritonas” da minha mente, as mesmas que insistem em afirmar que não sou capaz de mudar. … eu deixasse todo esse egocentrismo de lado e começasse a ver como o mundo precisa de muito mais atenção do que eu nesse microcosmos de autopiedade no qual eu decidi habitar? O futuro seria melhor caso eu deixasse todos ‘e se’s” que carrego no coração e nas costas.? Pesando na minha mochila e atrapalhando a caminhada. E se, a partir de agora, eu decidisse que não vale mais a pena seguir nos mesmos moldes de sempre? O que será que aconteceria?
Sempre fui boa em começar as coisas. Ficar animada para um novo projeto. Reunir algumas ideias e esboçar uma pequena lista daquilo que gostaria de fazer. As múltiplas possibilidades contidas em uma página vazia não costumavam me assustar. O maior problema eram as páginas que vinham após a primeira enxurrada de palavras. Depois de muitos caracteres digitados em uma torrente de “criatividade momentânea”, era como se a fonte tivesse secado … … os dedos completamente congelados. … as sinapses paralisadas. E depois, um grande vácuo de inspiração. Como sobreviver à síndrome da criatividade momentânea? Não dura o tempo de terminar o meu miojo, esfriar o chá que eu fiz para parecer uma daquelas escritora cults em pequenos cafés nas cidades europeias idílicas. Após alguns parágrafos, é como se a luz fosse apagando aos poucos. Aquela lâmpada que a gente sabe que está fraca, mas enrola para trocar porque sabe que ainda dá para o gasto? Mas a cabeça não funciona assim, não é mesmo? Não é o tubo de pasta de dente que dá para espremer e tirar mais um pouco do conteúdo. Bom, acho que às vezes até funciona assim, com um belo esforço mental, mas tudo tem limite. E sinto como se tivesse chegado nesse limiar, só que não gastei com algo realmente válido. E, sim, com pequenos sprints de possibilidades. Sementes que nunca chegaram a germinar. E o que a gente faz com esse jardim que nunca deu uma só flor? Como podemos dizer que algo foi feito se, ao que parece, não há nada para se mostrar. A jardineira impostora das ideias que parece viver em mim está aqui, com as mãos enterradas na terra, falando com aquele broto de feijão que parecia ter tanto potencial no algodão. Tentando, quem sabe, ter uma pequena planta para aquecer o seu coração que está cada vez mais pesaroso, pensando que, talvez, todo o trabalho tenha sido em vão. Que investiu em um sonho do qual nunca poderá viver. Tirar do campo da imaginação. E qual não é a ironia da escritora que vive a maior parte do tempo em um mundo paralelo, inventando, só que não consegue transpor nada para algumas páginas. Seria um bloqueio criativo ou um bloqueio da própria realidade que já não sabe mais qual a verdade? Tudo fica confuso e embaçado enquanto as palavras seguem saindo, sendo digitadas. Com o tempo, quem sabe, as coisas se tornarão mais claras. As orações farão sentido, as frases entrarão em consenso uma com as outras para formar um todo. Enquanto isso, eu sigo começando, plantando, jogando sementes nessa terra para, um dia, ter o meu próprio jardim de histórias.
Quando ouvi o termo esses dias em um podcast, entendi completamente como funcionei nos últimos muitos anos da minha vida. Carregando para cima e para baixo a minha mochila. Umas vezes pesada, outras vezes leve. Mas sempre comigo. Nunca esquecida no ônibus, em um banco qualquer do parque. Mesmo sendo um dos únicos itens que eu não perdi por aí (ironia para quem já teve objetos preciosos deixados para trás – de forma completamente inconsciente e talvez um pouco negligente) No entanto, a tal da mochilinha está constantemente atrás de mim. Presa aos meus ombros com super cola (nada de propaganda gratuita por aqui. xD). Em alguns dias, parece que há toneladas de memórias, ansiedade, preocupações. Tem os medos, as angústias e outros materiais que eu nunca precisaria levar comigo, só que estão lá “só para o caso”. . São tantas tranqueiras guardadas. Dá uma vontade de colocar rodinhas como as malas que usávamos no ensino primário. Infelizmente, não é assim que acontece… Em outros, tenho a sensação de levar somente uma folha de papel e uma caneta para garantir que será possível marcar um momento de alegria, escrever uma anotação para aquele ideia que pode mudar o rumo de tudo. Uma folha em branco que carrega em si possibilidades infinitas. Sentindo-me tão leve que poderia flutuar. Preciso de muito esforço para equilibrar esse material. E entender como será cada dia já que aceitei a teoria e sei que não vou deixar de carregá-la tão cedo. Pelo menos, ter a consciência da minha responsabilidade do que levo na mochila causa alegria e tristeza. Porque garante que sou a raiz da maior parte dos problemas, mas a solução deles também. Além disso, mesmo não a tirando das costas, exustem pessoas maravilhosas que ajudam (pode ser segurando pela parte de baixo, puxando pela alça superior… quem nos ama encontra uma maneira). Por isso, só agradecimentos a quem emula a leveza da nossa bagagem. Já estou aqui com as alças arrumadas, todos os zíperes fechados. Pronta para enfrentar o próximo dia. Posso não garantir o volume para amanhã, mas hoje levo só o essencial de verdade. E você? Como está a sua mochila?