
Título/Autor: Os melhores momentos de Cócegas, Heloísa
Perissé e Ingrid Guimarães
Avaliação: Fugindo de quem tenta fazer cócegas em mim (eu não sinto cócegas, aceitem!)
Quando eu leio um livro um pouco mais antigo, mas que ainda não é “velho” o suficiente para ter uma geração de distância, eu tenho a tendência a tentar ligar os pontos entre o que era antes e o que temos hoje.
Em termos tecnológicos, mundiais, científicos e todos esses mimimis sérios, muitas coisas mudam, mas quando falamos de personagens, humanos, cara, a gente não muda nunca. HAHAHAHA.
Tá, também não serei maldosa assim. A gente muda, as relações humanas evoluem.
Mas nessa história, o caso de não mudar que digo é relativo à criação de personagens atemporais. Quem leu (ou viu a peça) no mesmo ano conseguiu encontrar essas “figuras” em algum lugar conhecido. Irmãs, tias, sobrinhas ou nelas próprias. E eu, lendo HOJE, posso ver muitas dessas características em mulheres hoje em dia. Essa é a maravilha da leitura. Você se encontrar ou encontrar o mundo naquelas palavras!
Dividido em esquetes da peça, Cócegas narra a história de diferentes mulheres que lutam, vivem e amam. Fazendo de tudo para sobreviver nesse mundão e, de quebra, sendo “únicas’ e às vezes bem malucas mesmo, mas
isso nos torna especiais.
Começando com Encalhada, Dal, uma moça neurótica (mas como ela mesma diria, neurótica, não, ligada!) que acaba numa sessão de terapia em grupo porque já está há 5 anos sem ninguém e não consegue entender isso. Olha, tem muita sessão para resolver todos as suas neuroses. Quem nunca viu/foi alguém assim que atire a primeira pedra!
Depois tem Adolescente, com a Tati, personagem que depois migrou para a TV, teve seu próprio filme e voou sozinha. Admito que sempre me irritou o jeito dela, mas eu me diverti lendo e me encontrei naquelas ligações com as amigas, contando todos os detalhes e, principalmente, a AGENDA! Cara, quantos papéis de bala, entradas de cinema e quaisquer coisas que pareciam muito importantes terminaram nas páginas das nossas agendas! #SDDSPré-Adolescência/Adolescência.
Falar de cada um dos esquetes poderiam durar a vida, então, vamos ao um resumo das outras personagens divertidas: Cachorras (típicas piriguetes, no vocabulário atual), as duas vão para a balada, bebem, se divertem procurando o próximo homem para ocupar seu tempo. A professora de ginástica, descreve a mulher moderna que trabalha, pensa nas coisas de casa e tem outros “bicos” para complementar a renda da casa. E em nenhum momento deixam de pensar em qualquer uma dessas coisas!
Modelo anoréxica pinta o triste quadro das pessoas que se entregam para viver uma imagem/conseguir fama sem se preocupar com nada mais. Triste ainda mais por ser algo que não é só fictício! Por fim, a última história, dividida em dois pontos de vista, o Pinto e o Pinguim fala de duas atrizes que fazem de tudo para conseguirem trabalhar e sustentar sua vida (uma delas sustentando uma família). As dificuldades, os absurdos da carreira e a força de vontade das duas (claramente uma descrição das próprias autoras e criadoras do espetáculo).
Uma das partes mais legais do livro é o final (não porque termina e dá aquela sensação de vitória), que conta com os comentários dos 5 diretores do espetáculo e é tão fofinha que rola até arrepio ao ver esse “filho” de todos eles crescendo e se desenvolvendo!
Agora vão lá rir um pouco, humanos. Faz bem!