Conselhos de um eu passado

Olá, tudo bem?

Como você tá? Faz tempo que a gente não se fala, né?

Sabe, esse não é o jeito maaaais normal de se fazer isso. Mas foi o que deu pra fazer.

Esse é um recado vindo da terra da nostalgia. Porque, às vezes, você esquece que eu tô aqui, ou simplesmente não ter coragem de me chamar.

Sabe, eu nunca fui embora. E você precisa conversar comigo com mais frequência.

Sei que não está fácil. Que você vive com medo das coisas que estão fora do controle. Pensa no futuro é treme como se fosse uma agulha gigante.

Eu também tinha isso. Lembra quando tirei sangue pela primeira vez e quase desmaiei? Ou da vez em que estava com o braço quebrado, na hora de tirar o gesso achou que o médico ia te serrar ao meio?

Tudo pareceu pior na imaginação. Todo mundo fala que a mente tá cheia de minhoca criativa, né?

E é  normal quando a gente num sabe o que vai acontecer.

Aí o tempo passa, vem novas experiências, outros medos que a gente supera que nem a serra de braço em dia de tirar o gesso.

Só que não foi assim, não é? Você ainda tá com medo das suas novas serras e agulhas. Te conheço, não adianta nem mentir.

Tudo assusta. E tá tudo bem, não dá para acordar a pessoa mais corajosa de um dia para o outro. Não somos personagens dentro daqueles livros que a gente adora.

Das aventuras em um país maravilhoso com gatos, lagartas, colhos apressados, rainha e chapeleiro. Da mágica de um garoto que foi chamado para m castelo.

Sei que a carta de Hogwarts nunca chegou e nenhum buraco te levou pra um novo mundo, mas isso não significa que tá sem aventura na vida. Ou que terá se tentar pelo menos.

Vai ser difícil e a cada dia piora. Fica em dúvida, num sabe o que fazer ou quem é,  lá no fundo. E esqueceu de mim, de como era na infância.

A criança sem a menor vergomha de dançar as músicas do momento. Rir, fazer coisas que alguns acham esquisito. Que corre quando faz algo errado, fugindo de uma bronca e aguentando as consequências (como o braço quebrado)

Na hora, pareceu horrível. Depois, foi até engraçado.

Lembra de mim? De você… ou melhor, a gente? As mesmas pessoas separadas por uns aninhos?

Aquelas histórias inventadas. Pegando qualquer material na mesa da mãe para criar personagens? Entretida por horas? Por que deixou essa parte escondida aqui comigo?

Cê tem muito medo, muito mesmo. Eu consigo ver e sentir. Depois de perdas, tristezas, arrependimentos. Maaaas, cê tá se escondendo que nem numa brincadeira. Só que já acabou o recreio.

Tá tudo sério e você sente que ainda é a criança que não entendeu o jogo.

Ou que todo mundo voltou para a sala e cê ficou trancada. Ainda precisa emprestar algo para que falem com você ou te liguem depois da aula. Ou, como vejo agora, simplesmente não fala para não descobrirem que você nem é tão legal assim, não tem histórias fora aquelas da sua cabeça.

E fica sozinha,  esperando alguém te encontrar. Só que está fora da área de jogo. Ninguém vai chegar até aí.

Pode parecer que eu não sei do que tô falando, sou somente a sua criança interior. Aquela que você não quer ver porque acha que decepcionou. Mas os adultos são especiais. São crianças que cresceram e agora fazem as coisas sozinhos.

Sempre te acharei genial E eu vejo tudo e estou com você a cada momento. Posso não entender todos os sentimentos e decisões. Mas eu me orgulho. Eu e todas as suas versões que estão aqui dentro. Nós nunca vamos embora. Somos uma só e várias ao mesmo tempo (é uma bagunça).  Você de ontem e de amanhã. Todas estarão juntas aqui dentro.

Pode parecer estranho e impossível de entender, mas só atrapalham aquelas que ficam gritando coisas horríveis na sua cabeça. Acho que devia mandar essas embora. Elas não são legais. Sério. Ninguém quer sentar com elas na hora do lanche porque ficam julgando e fazem as outras chorarem.

Muita coisa que a gente sonhou não aconteceu, né? E cê acha que por isso todo mundo aqui gosta menos de você. Mas cê num sabe que isso não. A gente te quer feliz e não assim…

Querendo correr, mas paralisada  que nem nos sonhos que a gente tá fugindo de alguma coisa estranha, sabe?

E a gente sente a dor, dos seus pensamentos. a eu adolescente diz que é presão e angústia. Ela não quis vir aqui. Sabe como ficou presa naquele mundinho online nessa idade? Cê tá lá em fóruns de fãs e fotologs de histórias até agora. Boa sorte.

Cê não quer ver o futuro. Ter a ideia de que algum dia pode ser o último pra muita coisa. Tipo último dia de aula, que a gente não sabe se vai falar com as amigas de novo depois que mudar de ano, se vai encontrar de novo depois das férias? Só que cê sente isso com as pessoas que ama. De ser o último dia de aula delas e num dar tempo de dizer que vai sentir saudade ou que espera que tenham um ano legal mesmo que seja em outra sala bem longe.

Você chora muito, só que faz isso longe das pessoas que gosta. Não quer deixar ninguém preocupado. Mas fica ainda mais ansiosa (isso foi o que a adolescente disse). Não sei como pode ser ruim já que a gente ficava ansiosa o tempo todo. Para ir no passeio da escola, pra ganhar presente de aniversário.

Não posso ajudar com tanta coisa, mas posso te lembrar de quem era. De quem ainda é aqui dentro, nesse espaço que a gente divide com todas as outras “nós”.

Cê gosta de rir, de fazer os outros rirem e maias ainda de ouvir as risadas das pessoas. De abraçar e falar até com a porta. Difícil é te fazer parar de falar, como muitos adultos dizem, cê foi vacinada com ‘agulha de vitrola’ e fala demais. Não deixe que isso faça a sua voz ficar guardada só para a gente ouvir.

Cê adora imaginar coisas, ainda que seja falando sozinha ou com objetos largados pela casa. São histórias e personagens que merecem ganahr vida. Você não pode ter vergonha de mostrar para todo mundo, mesmo que pareça completamente esquisito. Isso torna tudo mais especial.

Você ama muitas pessoas e precisa falar em voz alta. Mais uma vez, ninguém além da gente tá ouvindo suas declarações. E eu tenho certeza que a adolescente tá com o fone alto demais para entender alguma coisa.

O medo tá sempre aí. Também faz parte de quem a gente é, mas não tem que ser do tipo que faz a gente se esconder ou fugir dos outros. Mas um aviso para não ter que parar no hospital com o braço quebrado de novo porque corremos em um lugar que não era (e a mãe disse pra não fazer isso)

Não sei quem te disse isso, mas você não é uma decepção. Não queremos que fique triste por aquilo que não deu certo. Queremos que vá atrás de coisas novas. Que viva novos sonhos. E que sejam tão grandiosos quanto os da infância. Quando tudo parecia possível. Até o impossível.

Cê não é velha demais pra nada. Para de bobeira!!

Assim como diz um dos nossos livros favoritos “Por fim, ela se perguntou como sua irmãzinha seria quando, com o passar do tempo, tivesse se tornado uma mulher adulta; e como conservaria, durante todos os seus anos de maturidade, o mesmo coração simples e adorável da infância”.

Não precisamos ficar para sempre no mundo das crianças, mas não esqueça daquela que vive em você! Que tem as maiores asas para voar por aí, a imaginação cheia de invenções e o coração mais leve.

Aproveita esse Dia das Crianças para relembrar dos 12 mesmo depois dos 30. E, quem sabe, no futuro, você não me visita com ótimos conselhos e histórias? Seja feliz. Te amo.

Contagens Diárias

Hoje eu me estressei pelo menos 1 vez. (Se fizer a conta real, vai ser preocupante demais)

Atendi a porta 2 vezes. (Não querendo, mas só assim para receber produtos e não ter que sair de casa…)

3 lavadas de cabelo, entra e saí pela porta da sala. Álcool gel.

Foram feitas 4 refeições (Sem contar os lanchinhos aleatórios, né?)

Uns 5 e-mails foram direto para o spam.

Tão perdidos quanto os 6 recados que acabaram sem resposta

Pensei nos 7 dias na semana e não consegui lembrar em qual estava.

8 tentativas de começar um texto. Recomeço. Apago, começo, apago de novo. (O que será que tem de bom nos rascunho, naqueles papéis perdidos na cabeceira, na mesa…?)

São 9 livros em meu campo de visão (os que eu conto, porque se for contabilizar todos, esse número estoura o ábaco mental). Todos lidos. Será que eu saberia contar a história deles se alguém me perguntasse. Mas, o que eu estava fazendo mesmo?

Mais de 10 perdas de foco em menos de 20 minutos. (eu tava fazendo o que mesmo?)

30 dias de um mês que acabou de começar e, quando menos percebemos, já se passaram alguns (e os boletos, as contas, o que eu preciso pagar?)

Mais de 40 rascunhos deixados para trás com ideias que se perderam com o tempo.

Minha nossa! Os 50 livros da meta de leitura que decidi aumentar agora… (por que eu faço isso?)

Foram só 60 segundos desde a minha última vontade súbita de chorar

E 70 (cê tenta/trocadilho fail [1]) parar , mas quem disse que dá certo?

A vibe dos anos 80 da música que não saí da minha playlist do dia.

“90 dias para casar”, um novo vício por uma série/reality que não entendo como surgiu ou se vai embora tão cedo…

100 condições (trocadilho #fail [2]) de contabilizar mais nada sem precisar respirar fundo, secar as lágrimas e começar tudo de novo.

Foto por Black ice em Pexels.com

Máscaras

Ao redor, um mar de pessoas. Cada vez menos reconhecíveis.

Escondidas por trás de máscaras distintas.

Mas com a mesma intensidade no olhar.

Os mesmos medos. Só que agora, não consegue distinguir o rosto do que a assusta.

Todos viram uma parada de máscaras, como um desfile de novas forma, traços e cores.

Protegidas por camadas de tecido. Estão por todos os lados. A cada esquina, em cada carro.

Olhe para a frente. Para trás, estão todos aí.

Máscaras. Enfileiradas. Coloridas. Pretas, brancas.

Faltam sorrisos. Sobram olhares. Como expressar tantas sentimentos nas nossas janelas para o mundo?

Sempre estivemos mascarados, não é mesmo? Todos os dias, saíamos de casa colocando no rosto uma representação de nós mesmo.

Nossas máscaras de trabalho, sérias, responsáveis. Que tentam equilibrar as rugas de preocupação com o sorriso de nervoso. E trazem o semblante de orgulho quando algo dá certo.

A máscara social. Que usamos com os amigos, nos rolês. Nos romances. Como queremos que nos vejam de forma extrovertida ou como alguém que se sente confortável naquela situação. Seja uma grande festa ou um pequeno grupo de amigos num jantar.

Aquela que usamos para o amor. A que tentar expressar tudo o que temos em nosso coração, os sentimentos calorosos e, às vezes, os dolorosos.

A familiar. Quando temos que provar nosso crescimento, mas também demonstrar os sentimentos. Quando precisamos ser a voz da razão ou voltarmos a ser criança e fazer arte (e tomar bronca).

Temos tantas faces, escondidas, trocadas, selecionadas conforme as necessidades, cais, grupos.

E estamos, o tempo todo, buscando a ideal ou aquela que parece mais natural.

Mas, o que está embaixo dela? Quando não precisarmos mais utilizá-las. O que sobrará? Saberemos reconhecer aquele rosto?

No momento, devemos usar somente a máscara física. Aquela que nos protege e protege os outros. Mesmo assim, podemos aproveitar o momento para repesar naquelas que são “invisíveis”, que usamos para nos proteger DOS outros.

Será que são todas de uso obrigatório? Não seria bom mostrar o rosto para algumas pessoas de confiança? Uma parte de cada vez (caso dê medo de apresentar o todo).

Todos temos as nossas questões. E vamos trabalhando as poucos. E pedacinho por pedacinho, seremos inteiros, sem precisar nos esconder daqueles que amamos e nos amam.

Bora só usar as máscaras de saúde. As outras, a gente vai resolvendo com o tempo!

Texto levemente inspirado em Masquerade, do Fantasma da Ópera/ atual situação do mundo… #Misturaaaa

Foto por Ibolya Toldi em Pexels.com

Botão do Descontrole

Mas não é possível, cérebro.

Toda vez a mesma coisa. Um passo em falso, um errinho (que às vezes nem foi um erro e você achou que foi…) e cê aperta o botão vermelho e entramos no modo descontrole.

Parece aquelas cenas em que as pessoas jogam tudo que está em cima da mesa no chão e faz a maior bagunça! Mas a diferença é que:

  • Não acaba num amasso entre os personagens principais.
  • Eu tenho que recolher tudo
  • Os pensamentos ficam embaralhados por horas, a cabeça vira uma anarquia em que todas as neuroses querem falar ao mesmo tempo.

Ai já começa a gritaria. A equipe TOC diz para ninguém tocar em nada que foi parar no chão até que possam pegar umas luvas e pensar em como incinerar os itens sem perder nenhuma informação vital.

Já a ansiedade, tá preocupada com tudo que envolve prazos, as listas para fazer, as anotações que fez sobre aquela palestra de 10 anos atrás ou a reunião que vai ter em 5 minutos e cadê material que a gente vai apresentar?

As neuroses já querem tacar fogo em tudo porque deve existir alguma razão para isso ter acontecido e aquilo que estava em cima da mesa foi comprometido. Agora tem que começar do zero, algo ali tá podre e precisa ser jogado fora.

A dona sanidade e seu time chegam afobados para tentar falar com todos os gritões, explicar que foi uma rajada de vento forte, um sinal do furação dos transtornos de equilíbrio que atacou a sala.

Avisa que medidas de segurança serão implementadas com a ajuda de profissionais, mas, nesse momento, todo mundo precisa ficar quieto e deixar suas funcionárias realizarem o procedimento de limpeza e organização.

Nesse momento, o prédio está com luzes piscando, alarmes soando.

Onde estão os procedimentos de emergência, vamos sobreviver? O que fazer?

É terrível não saber quem ouvir, com tanto barulho errado e a vozinha da razão tentando soar acima de todo o caos.

E aí, cérebro. Por que cê fez isso de novo?

Por causa daquela gota que transbordou o copo, o pensamento que anuviou a cabeça, desviou o foco?

Temos que trabalhar juntos, não sermos inimigos nessa guerra interna.

Somos uma equipe.

Então, pára. Eu pego o que caiu aqui desse lado, cê pega o do outro. Os dois juntos podem ajeitar essa sala mais rápido, deixar a mesa pronta pra próxima.

E vamos ver que, na realidade, nem foi tão ruim assim o que não deu certo. Em um segundo cê resolveria.

Deixa a equipe da ansiedade, da neurose e do TOC de folga hoje.

Só quem vai trabalhar é a coerência. E bora limpar essa bagunça de novo.

E aposentar esse botão do descontrole.

Foto por sum+it em Pexels.com

Papéis Invertidos

A vida é mesmo uma caixinha de surpresa, como já dizia aquela esquete de comédia.

Uma baita ironia, na verdade. E sabe porquê?

Antes eram eles que ficava preocupados o tempo inteiro.

Agora, sou eu quem não consegue deixar a mente se acalmar um só segundo.

Se não atendem o telefone, já estou prestes a chamar todos os socorristas e helicópteros de emissoras para encontrar os “véinhos’ perdidos.

Reclamo das desculpas por não terem carregado o celular, levado ao sair. Por terem gasto todos os dados móveis em vídeos do Zap ou vendo qualquer tranqueira na internet.

Quero saber se estão bem cobertos no frio, se não esqueceram de levar “o casaquinho” e nada de tomar FRIAGEM!

Se tomaram a vitamina C ou aproveitaram a vitamina D dos dias ensolarados…

Estão jantando ou só comendo qualquer besteira no café da tarde ou à noite. Insistindo que é necessário se alimentar direito.

Quero saber aonde vão, com quem estão socializando, se estão sentindo algum sintoma esquisito, o que é aquela dor no dedão ou porque não me avisaram desse batimento que está descompassado? Os exames estão em dia? Foram ao médico?

Fecharam as portas, falaram com estranhos, deixaram a comida na geladeira, tomaram todos os remédios?

A distância dá saudade, aperta o coração, enche os olhos de lágrimas.

A proximidade enlouquece, traz conflitos de escolhas, teimosia, brigas com a tecnologia, risadas, comida em excesso e barulho na casa.

Depois de anos sendo a fonte principal fonte de cabelos brancos dos adultos, agora dividimos esse “fardo”, sofremos juntos, fazemos contas, discutimos e torcemos para ver, todo dia, aquele rosto da chamada de vídeo, ouvir a voz na ligação ou receber um bom dia e saber que tá tudo bem.

E que teremos mais tempo para nos preocuparmos uns com os outros, ainda mais agora que o jogo virou pra essa quadra aqui.

Experiências (teóricas) de vida

Sempre ouvi dizer que para contar boas histórias é preciso viver grandes aventuras.

Ter amores, viagens, vivências inusitadas…

Bom, também já soube de autores que criaram grandes tramas sem saírem do perímetro do suas residências.

E o que vale mais? A teoria ou a prática?

Na realidade, não acredito que seja uma competição, mas, para uma pessoas que não tem tantas milhas percorridas nesse mundão, quero asseguram a todos que tá tudo bem.

Diferente daquilo que pode nos causar pressão e nos bombardear a ansiedade, não temos que sofrem por, na realidade, não termos sofridos os grandes altos e baixos que vemos na vida dos coleguinhas.

Ter exemplos é ótimo, mas sejamos as nossas próprias bússolas.

É bom colocar a cara no mundo e tentas coisas diferentes, mas o dia a dia, até o mais rotineiro e Às vezes monótono, também é uma aventura. Acordar, enfrentar seus medos, ir à luta pelo que gosta, também é um desafio e uma experiência válida.

Todo dia é uma oportunidade de fazer algo novo, se você quiser. E pode ser dentro do seu próprio universo. Só não deixe de viver por medo de não ser o Mochileiro das Galáxias, o Desbravador do MAres Distantes.

Viva seu melhor. Aproveite cada momento e saiba que isso já é o suficiente.

Grandes ou pequenas, todos temos as nossas aventuras. Sejam elas vividas no mundo real ou ambientadas em páginas de livros e filmes.

Como nós absorvemos todas as informações e transpormos para a nossa vida e relacionamentos é o mais relevante.

Então, nessa prova da vida, vale ter o conhecimento prático ou teórico. O importante e não deixar de buscar por ele, nunca!

Foto por cottonbro em Pexels.com

Fazendo as pazes com o passado

Olá… cê tá bem?

Quanto tempo que não conversamos, né?

Como tem passado? Ou melhor, como tá aí no passado? Tá tudo meio parado, sempre na mesma?

Desculpa se te abandonei. Não foi minha intenção. É que, por muito tempo, pensar em você doía muito.

Por quê? Ah, você não sabe o que aconteceu, né?

Não queria encarar o futuro e acabar te decepcionando. Sei que sempre se preocupou com o tempo passando e como já havia perdido tanta coisa só de pensar que estava perdendo algo.

Bom, se serve de consolo, isso aí não mudou.

Outras coisas sim.

Não somos nenhuma daquelas coisas que você imaginou. Estar plena, ser independente ou com uma carreira digna de um dos livros ou séries lidas.

Aliás, alguns sonhos se perderam nas intempéries do mundo real.

Mas quer saber? Algo não mudou: sua essência. Ainda é a mesma! De quem vive com a cabeça entre nuvens de imaginação, das mais mirabolantes histórias até a conversa com os seus personagens imaginários.

Aquelas músicas que você ouvia em seus cds gravados com windows media player ou comprados em mercados “diferenciados” por aí, cê ainda ouve e sente um quentinho na alma. Mas muitas outras chegaram. E você expandiu esse universo. E MUITO!

Dos grandes amigos, alguns ficaram pelo caminho…

Todos crescem, evoluem, vão embora. Não se preocupe, outros vieram.

Animais de estimação se foram, você chorou. Outros chegaram para ocupar todo o espaço da sua cama e do coração.

Seus personagens, por um tempo, ficaram quietos. A vida fez com que eles se calassem.

A escrita e leitura tiveram foco acadêmico ou laboral por um grande período. No entanto, tudo voltou ao eixo e essas paixões retornaram ao devido espaço de destaque na vida.

Demorou, mas criei coragem para encará-la novamente e dizer que te amo. E que tá tudo bem.

Nem sempre a vida segue os planos. Tem gente melhor do que as outras nessa questão de planejamento e execução. Mas quer saber a verdade? Não tem problema nenhum ser assim! Somos floquinhos de neve únicos e especiais, com as próprias dúvidas, medos e superações.

Infelizmente, realmente perdemos conexão e oportunidades importantes. Afinal, o que somos se não seres imperfeitos que buscam nos desenvolver a cada dia?

Peço perdão pelo “gelo” durante todos os anos. Prometo que comecei a derretê-lo. E a partir de hoje, espero que possamos seguir esse caminho lado a lado de novo.

Parei de me esconder. Admiti meus erros. Aceitei os problemas e vou me esforçar para superá-los. Aliás, para superarmos!

Tudo vai dar certo. Eu tenho fé.

Espero que entenda o meu medo de encarar essa conversa franca. Não queria desapontá-la como por muito tempo acreditei que faria.

Nunca deixarei que seja esquecida. O trajeto ainda é longo. Então, sebo na canelas.

Agora que estamos juntas novamente, nada vai nos impedir de conquistar novos sonhos. Acessar horizontes nunca antes vistos.

Que nunca mais nos afastemos. E que estejamos em paz, sempre. Saiba que, sem o que você começou, não seria o que sou hoje. Posso não ser o seu futuro perfeito, mas tenho certeza de que sente orgulho dessa jornada.

Obrigada pela paciência.

Foto por Jordan Benton em Pexels.com

Vício em procrastinar

pexels-photo-1524232.jpeg

Olha aí as horas passando

As listas de demandas se amontoando.

Oportunidades sumindo por entre os dedos das mãos que deviam produzir algo.

Mas estão ocupadas digitando grandes nadas.

Palavras e pesquisas a esmo.

Horas e horas perdidas, sem razão.

Desculpas e desculpas empilhadas junto aos planos que nem podem ser chamados de mal sucedidos.

Porque nunca saíram do papel.

Então não há como perder um jogo que nem começou.

Todas as vezes que prometeu que iria mudar.

Melhorar.

Correr atrás dos sonhos. Parar de se acomodar com aquilo que incomoda há tempos.

Onde está o momento em que gasta as pernas indo até esse objetivo?

Foi engolido pelas cobertas. Os cinco minutinhos, que se tornaram 10… 20… 30… 60…

E não houve mudança… aquele estalo. A criação de alguma coisa.

A saída para fazer algo que motiva. Dá orgulho.

Cadê as tentativas?

Ficam só presas a frases inspiradoras e bonitas, em mensagens, sempre atrasadas, para aqueles que insistem em não desistir de quem não dá a devida atenção.

Mesmo que nem sempre mereça o esforço, já que não faz valer aquilo que te oferecem.

A vergonha da procrastinação que persegue como uma sombra. Um carrapato que não larga.

A tristeza que a acomodação traz. A sensação de que nada nunca vai mudar.

Os litros de lágrimas salgadas que escorreram e o peso no peito por seguir vivendo assim.

Uma reabilitação que se inicia, termina, parece funcionar e termina em recaída.

E com os caquinhos da sua existência espalhados, recolhidos com cuidado. Alguns perdidos, outros inutilizados.

Tenta recomeçar. Esquecer as vozes que gritam. A necessidade de tomar as mesmas decisões. Cometer os erros de sempre.

A batalha é diária. A reação química tá rolando no organismo.

O vício é uma doença que precisa de cuidado…

Engole o choro, respira fundo. Todo dia é nova oportunidade para não (se) enrolar mais uma vez.

Foto por Lina Kivaka em Pexels.com

Telefone Fixo

phone-old-year-built-1955-bakelite-163007.jpeg

Telefones não são meus objetos favoritos. Definitivamente.

Ironicamente, houve um momento na infância em que um telefone de brinquedo era meu item preferido para horas de distração.

Ao longo dos anos, nossa relação se distanciou. O telefone fixo passou a ser um símbolo das necessidade de interação social ativa. Receber chamadas das amigas, ficar horas a fio falando sobre os acontecimentos do dia.

Algumas vezes isso até aconteceu, mas a pressão de manter toda essa socialização um dia foi pesada demais. Aos poucos, o telefone se tornou um objeto non grato na minha lista.

E assim segue, não gosto de ligar, nem ao menos atender.

Entre as duas opções, fazer a ligação ainda é o pior momento. A suadeira começa, palma da mão, testa e outras áreas críticas que exigem uma reposição de desodorante enquanto aperto os números.

Não me entendam mal, eu não sou anti-tecnologia. Ter o telefone à disposição é uma maravilha. Uma forma de conexão com pessoas que amamos que estão distantes (ou até pertinho, mas infelizmente não vivem embaixo do mesmo teto).

E o celular, minha nossa, é basicamente um membro do meu corpo, com tantas funcionalidades (seja para manter contato ou atividades variadas)! Sou viciada no smartphone. Só não me faça usar para uma das principais razões da sua existência: ligar para as pessoas.

Faço o possível com mensagens, e-mails e até algumas chamadas de vídeo. Admito que, às vezes, sou negligente e demoro mais do que devia, mas eu amo meus humanos e sempre prometo que isso vai mudar (e eles me amam também, porque fingem que acreditam.

Com o avanço da tecnologia, a linha fixa se tornou quase que obsoleta, com exceção das chamadas oferecendo produtos ou de membros mais “antigos” da família que ainda preferem esse meio de comunicação.

No entanto, nos últimos meses (com isolamento e vírus por aí), a linha fixa e seu toque alto tornou-se um alarme, um gatilho, um sinônimo de paúra extrema. E não tem nada relacionado ao contato, mas ao conteúdo.

Ligações na linha residencial, na minha cabeça levemente ansiosa, só pode significar uma coisa: NOTÍCIA RUIM.

Sério, cada vez que toca, o coração dispara, as mãos tremem. O medo de descobrir que alguma coisa terrível aconteceu me faz temer pelo som desse aparelhinho. Porque, convenhamos, que familiar ligaria só para falar que tá tudo bem?

É um pânico diário, passando as horas torcendo para que nenhum som ecoe pela casa.  Vivendo sobre a premissa de “notícia ruim chega rápido” e, para mim, só pode chegar pelo telefone fixo. Quem mandaria um ZAP tenso? (tá, sei que muita gente faz isso, mas entenda, não se trata de lógica…)

Faz bem para mim? Não.

Deveria sofrer tanto com isso? Também não.

Consigo controlar? Eventualmente.

Espero que as pessoas por aí não sofram com isso? COM CERTEZA.

Uma forma saudável de lidar é buscando pessoas (sejam profissionais ou pessoas de confiança) para ajudar a ressignificar isso? SIM SIM SIM!

Nossa cabeça funciona de formas bem diferenciadas às vezes, lidamos com situações e juntamos fatores para explicar alguns medos e ansiedade. Isolados, isso piora ainda mais.

MAAAAAAAAS, nem tudo está perdido, nem pra uma pessoa que tem um medo infinitos de telefones tocando (ou de ligar para os outros).

Se há problema, há solução. É nisso que acredito e essa convicção não vai mudar. Ainda que demore mais tempo do que  gostaria.

O jeito é respirar fundo, torcer pro telefone não tocar e tentar lidar com isso, um número por vez.

Foto por Pixabay em Pexels.com

 

O terrível fenômeno da autossabotagem

pexels-photo-925067.jpeg

Você cria centenas de listas, metas e desafios.

Pesquisa, sonha e sempre fala sobre tudo aquilo que deseja fazer.

Reclama da mesmice, afirma que em breve vai colocar em prática as milhares de ideias que estão anotadinhas naqueles cadernos e papéis jogados pelas caixas do quarto.

São recortes brilhantes de algo que nunca vai sair do universo idílico.

E sabe por quê?

É o fenômeno da autossabotagem. Desistir antes mesmo de tentar já que não há derrota se não houver jogo.

A necessidade que tem de colocar barreiras intransponíveis em tudo o que quer fazer. De encontrar detalhes que impossibilitem aquela viagem, a mudança de visual ou o novo emprego.

É a sua voz interior que diz que tudo vai dar errado, que é melhor seguir naquilo que está indo relativamente bem, ainda que isso destrua pouco a pouco a sua alma.

Vale a pena viver assim? Ou melhor, só sobreviver? Cortando as asas da imaginação, deixando os sonhos de lado, desistindo antes mesmo de começar?

Já existe tanta pressão no mundo para que sejamos um sucesso, alguns com fama, dinheiro e posses, outros com a pintura perfeita de família e educação conquistadas com bases em sei lá o quê.

Tentamos nos espelhar nos outros, viver através dos fragmentos da existência alheia, colocando as pessoas em outros patamares. Pódios… em lugares que imaginamos serem impossíveis de chegar.

Como se fosse um caminho longo demais. E nossas frágeis pernas não aguentar. Nunca chegará até aquele ponto.

Sabe qual a pior parte? É verdade. Se não tentar, não chega mesmo. E se a voz irritante, que achamos que é a consciência sendo racional, mas é só a nossa autossabotagem falando bobagem for a única coisa que ouvimos, o futuro é ficar estancado.

Em situações incômodas, em vidas monótonas ou tristes. Não importa o quanto planeja, se não colocar algo em prática, nada vai sair do papel.

Não precisa ser algo enorme. Basta dar um passinho. Escolher um sonho simples e tentar. Porque a vida só vale a pena quando é realmente vivida.

Autossabotagem é um sistema de proteção, para evitar o “fracasso”. Mas nunca chegaremos ao sucesso se não tentarmos alguma coisa, né?

É difícil? CLARO

Vai ser trabalhoso mudar? SIM

Demora? TAMBÉM

Mas vale a pena? COM CERTEZA

Todo mundo é especial de alguma forma e o mundo é um lugar melhor quando acreditamos no nosso potencial. Se nós não formos os primeiros torcedores, como esse time vai vencer?

Se algo é bom e faz bem, bora tentar! Não deixe o medo interno te dizer que não pode ir atrás daquilo que deixará seu coração quentinho (e, quem sabe, ajudar outras pessoas no caminho?)

Foto por Ankush Rathi em Pexels.com