Eu, eu mesma e minhas neuras

Tem uns dias complicados. Que fazem a gente se esforçar pra manter o equilíbrio.

Pra não jogar tudo por alto. Ficar num cantinho chorando.

Umas horas em que os monstrinhos que vivem na nossa cabeça começam um Carnaval fora de época.

Fazem todo o barulho possível. Impossibilitam os pensamentos de seguirem uma trajetória linear.

E nos caminhos enrolados, as neuras aproveitam essa bagunça e invadem todos os espaços livres entre as curvas  descompensadas da mente.

Se aproveitam de um grão de areia de confusão e montam a praia inteira. Com banhistas falando, ambulantes vendendo.

Toda aquela aglomeração mental. Que, na verdade, só tem uma pessoa envolvida. Mas são tantos personagens que parece que a casa tá cheia.

Abandonada à deriva da mente, com as neuroses falantes. O que se sente é medo. Um frio na nuca. Arrepios.

De um lado ouço julgamentos sobre todas as escolhas. De outro medos e tensões sobre qualquer erro cometido ou possibilidade de erro futuro.

Medos irracionais. Coisas que fazem sentido, mas que não deveriam passar na timeline mental. Outras que só servem pra ruminação nada saudável.

Ai surge a vontade de virar uma bolinha chorona na ponta da cama e, se possível, desaparecer do mundo até que tudo se resolva.

Mas não há como fugir de si. E de todos os inquilinos da terra da ansiedade.

Sem fórmula mágica, o jeito é tentar silenciar, nem que seja um minuto, todas as bobagens ditas.

Não é fácil travar uma batalha quando o oponente conhece todas as suas estratégias, mas não dá pra desistir.

Uma pequena vitória por dia já vale muito. Lutando pra um dia, só ter “eu” dando pitaco na minha cabeça.

A grama do vizinho

Sempre parece mais verde, né?

Mas que mania besta que a gente tem de ficar comparando TUDO.

Como se a vida fosse uma competição e todo mundo estivesse lutando para conseguir o prêmio final.

Desencana, galera. Cada um vive o seu da melhor maneira possível. Tentando ajudar o próximo e, de preferência, sem derrubar o coleguinha.

Viver conforme a expectativa de conquista comparada aos outros é estressante. Desgasta corpo e mente.

E, no fim, nos torna ranzinzas e resignados.

Precisamos aprender a cultivar o nosso jardim da melhor forma. E, com ele, ser feliz. Porque é algo feito com dedicação e carinho.

Todo esforço vale a pena. E muitas vezes esquecemos de celebrar essas conquistas, nem que seja manter um cacto vivo no meio de um monte de mato seco.

Se tudo o que conseguiu foi essa plantinha espinhosa e resistente, comemore. É o seu jardim tomando forma.

Nós perdemos tanto tempo preocupados com a vida alheia. Horas e horas que nunca vão voltar.

Então, pegue o seu regador, escolha a sua planta e bora cultivar coisas boas. Fazendo a árvore da alegria, da felicidade e do amor próprio crescer no seu pedacinho de grama!

Mar de Emoções

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Tem horas que a gente precisa mesmo só aceitar aquela onda de ansiedade que vem. Que bate como se fosse uma rocha sendo atacada na encosta do mar.

Ainda que o nosso equilíbrio mental se torne a areia que nos cerca, assim como uma bela praia, não deve servir como pequenos pedaços de tristeza, mas como um bloco de material no qual pode-se construir lindos castelos.

A areia da nossa mente se junta para criar a base onde vamos nos sentar e apreciar o mar das nossas emoções.

Com o seu ecossistema próprio. E tem tanta coisa pode ser encontrada lá no fundo do mar.

Igual a nossa mente…

Tem tanta coisa lá dentro que precisamos conhecer, desafundar, estudar.

Mas, assim como na água, devemos ir com calma. Para não nos afogarmos nas mágoas ou ficar sem ar somente confiando no quanto podemos aguentar sem ar.

Devemos respeitar esse ambiente, entender que muitas coisas não podem ser decifradas. Aprender a amar mesmo assim.

Porque não importa se estiver revolto ou calmo. Sempre será um lugar lindo. Cheio de possibilidades, recordações maravilhosas e muito amor.

Por isso, não desmereça os seus maremotos, nem subestime o seu mar de emoções. Somente aceite. Mantenha a distância quando necessário.

E, se possível, aprenda a surfar naquelas em que tiver mais confiança.

Se não souber nadar, encontre um profissional que te ajudará a entrar nessas águas sem se afogar. Nunca é tarde para aprender!

Somos 70% água, né? Então, bora colocar o nosso barquinho para navegar e descobrir novos horizontes que ainda estão escondidos nesse mundo líquido.

Foto por Ricardo Esquivel em Pexels.com