
Tem uns dias complicados. Que fazem a gente se esforçar pra manter o equilíbrio.
Pra não jogar tudo por alto. Ficar num cantinho chorando.
Umas horas em que os monstrinhos que vivem na nossa cabeça começam um Carnaval fora de época.
Fazem todo o barulho possível. Impossibilitam os pensamentos de seguirem uma trajetória linear.
E nos caminhos enrolados, as neuras aproveitam essa bagunça e invadem todos os espaços livres entre as curvas descompensadas da mente.
Se aproveitam de um grão de areia de confusão e montam a praia inteira. Com banhistas falando, ambulantes vendendo.
Toda aquela aglomeração mental. Que, na verdade, só tem uma pessoa envolvida. Mas são tantos personagens que parece que a casa tá cheia.
Abandonada à deriva da mente, com as neuroses falantes. O que se sente é medo. Um frio na nuca. Arrepios.
De um lado ouço julgamentos sobre todas as escolhas. De outro medos e tensões sobre qualquer erro cometido ou possibilidade de erro futuro.
Medos irracionais. Coisas que fazem sentido, mas que não deveriam passar na timeline mental. Outras que só servem pra ruminação nada saudável.
Ai surge a vontade de virar uma bolinha chorona na ponta da cama e, se possível, desaparecer do mundo até que tudo se resolva.
Mas não há como fugir de si. E de todos os inquilinos da terra da ansiedade.
Sem fórmula mágica, o jeito é tentar silenciar, nem que seja um minuto, todas as bobagens ditas.
Não é fácil travar uma batalha quando o oponente conhece todas as suas estratégias, mas não dá pra desistir.
Uma pequena vitória por dia já vale muito. Lutando pra um dia, só ter “eu” dando pitaco na minha cabeça.