Casa Cheia

pexels-photo-2950003.jpeg

Consigo ouvir os primeiros sons vindos do quintal. O bom dia para os cachorros junto com algum tipo de resmungo sobre qualquer coisa simples.

Copos, itens para o café da manhã, a louça sendo lavada… começaram as atividades da casa.

Cada um tem seu horário, sua rotina. Nem sempre conseguem se ver.

Uns já precisam correr para trabalhar, jornada cedo. Café corrido. Uma bronca por não sentar para comer.

Portas abrem e fecham, assim como as torneiras. É um ecossistema que vive e funciona À sua maneira.

Tem bom dia longo, abraços, reclamações matinais. É o prelúdio para o novo dia.

Depois a programação segue normalmente. Trabalho, correria. Vida.

Longe por um tempo. Depois juntos. Depois longe. É a rotina. Ou era a rotina.

Quando unidos, risadas, falas altas.  Brigas, irritação.

Cantoria, piadas. Discussões.

Os milhares de animais fazendo a sinfonia, pedindo carinho, comida. atenção.

Resumindo: FAMÍLIA.

Panelas, máquinas, carros e televisão. Aquela série que um vê sempre. O jornal tenso que todos querem evitar. A rádio nossa de cada dia.

Já não é mais assim. A casa foi esvaziando. O distanciamento se tornou a nova realidade.

O endereço é o mesmo, mas os moradores, não.

Foi pensando em cuidados, em cuidar.

Separados, mas não isolados. Juntos, mas sem barulheira.

Não tem colher batendo na panela tão alto. Ou alguém chamando na escada.

A presença e o som fazem falta e a saudade ecoa no coração apertado. E o olho enche de lágrima.

Mas com uma chamada de vídeo aqui, uma visita segura ali (com altas doses de neurose). Tudo se alivia.

Depois volta ao novo normal.

E todo dia a gente pensa em como era quando a casa tava cheia.

Foto por Kelly Lacy em Pexels.com

Uma mensagem não lida #ResenhaDeQuinta

Screenshot_20200806-125451_1.jpg

Título/Autora: Uma mensagem não lida, Larissa Siriani.

Avaliação: Respondendo todas as minhas mensagens que estão largadas na caixa de entrada.

Olá, pessoas!

Tenho aproveitado muitas leituras curtas nos últimos tempos, inclusive, o aplicativo de livros que não será nomeado nesse momento já aproveita para me indicar a próxima leitura baseada nesses contos, crônicas e livros de poesias que têm enchido a minha biblioteca digital. Admito que é uma experiência ótima. Meio dever cumprido nas listas. meio distração nesse momento difícil.

E não foi diferente com esse livro, que apareceu no meio de uma listinha de autores nacionais.

Como eu sou altamente cativada por obras que utilizam formatos diferentes para contar histórias, ao descobrir que toda a narrativa se passava através de mensagens de texto, já fiquei muito empolgada! É tão interessante contar tanta coisa usando somente o espaço das conversas. Não tem descrição de cenário, de pessoas, de situações. É como se fosse um grande compilados de fala dentro de um roteiro no qual nós podemos imaginar o que quisermos para os personagens.

Fora isso, pela sinopse (não vou dar spoiler), já fiquei encafifada com a temática. Trata-se de um livro que narra a trajetória de basicamente um ano de Mônica, uma mulher que perde seu namorado, tragicamente, perto do Natal. E toda a trama se desenrola a partir da troca de mensagens pelo celular dela, sendo essas conversas com seus parentes e amigos ou com o seu amor perdido.

Não que ela receba mensagens do além-mundo. Nada disso. Ela segue enviando seus recados para o número de celular do seu namorado, como forma de continuar em contato, de dividir o que está sentindo. Ela fala sobre a vida e toda a dor que tem carregado.

Além disso, existem várias interações com a sua melhor amiga, que tenta sempre ajudá-la nesse momento delicado (até porque, é difícil para as duas já que a amiga é prima do moço que se foi…). Também tem ótimos momentos com a mãe dela.

Não vou dar spoiler, mas um momento importante de virada tem relação com o celular do namorado e o fato de que, às vezes, o número é cancelado ou passa para outra pessoa… é tudo o que vou dizer.

Tinha muito expectativa, mas admito que não foi o livro que eu mais gostei entre os últimos que li, está entre os mais fraquinhos. Maaaaas, toda leitura é válida e, pode ser que só não seja o meu momento para ler esse tipo de história. Isso acontece muito. Por isso, indico a leitura para quem estiver na vibe de algo com a vibe meio romance levinho. (nada contra, acho que meu coração anda meio peludo… hahahaha)

Espero que curtam! =]

Modern Love #ResenhaDeQuinta

Screenshot_20200723-211405_1-1.jpg

Título/Autor/Editora: Modern Love: Histórias de Amor, Perda e Redenção. Organizado por Daniel Jones. Editora Rocco.

Avaliação: Com o coração quentinho e cheio de histórias diferentes, mas que tem a mesma essência: o amor.

Olá, gente!

Hoje a resenha vai ser de um livro que eu acabei encontrando após ter visto a série. (sim, eu sou muito aquela pessoa chata que insiste em terminar de ler para poder ver todos os episódios, mas, em minha defesa, ele só foi lançado esse ano e eu já tinha visto a temporada inteira).

Já tinha me apaixonado pela versão adaptada pela Amazon Prime e, ao ler, terminei de ficar cativada.

A obra, organizada por Daniel Jones, tem o mesmo nome da coluna do New York Times que a originou. Criada em 2004, é um espaço em que as pessoas podem mandar suas histórias de amor e esperança, compartilhando seus altos ou baixos com milhares de leitores.

A melhor parte é que não se tratam somente dos clichês de amor romântico, aliás, não vi nenhuma narração que me soasse como algo padrão ou com uma narrativa na qual eu já sabia o fim logo no começo.

Fui surpreendida por trajetórias lindas, pesadas e emocionantes de pessoas que abordaram o amor em diversos aspectos, seja ele dentro de um casamento que sofre com as agruras do tempo e da evolução distinta do casal. Fadado a uma possível separação, por escolha mútua, individual ou por motivos externos. Fala sobre perda, doenças, enfrentar seus medos e limitações que, muitas vezes, são fatores que congelam ações e não deixam que siga em frente ou faço escolhas difíceis.

Fala sobre amor de mãe, de pai, de amigo. É um livro que mostra as diversas faces desse sentimento maravilhoso que nos envolve, entrelaça e une.

As crônicas envolvem temáticas como família, maternidade, adoção, casamento, divórcio e falecimento de entes queridos. Encontros ou reencontros. Amores perdidos, amores que superaram obstáculos. Relacionamentos que começaram cedo ou mais tarde. Casais que não passaram do primeiro encontro e aqueles que ficaram juntos por muitos anos.

Tem um pouco de tudo, com relatos pessoais, algo que torna o livro ainda mais impressionante!

Agora deu até vontade de rever!

E você, já leu esse livro? Ou viu a série? Conta o que achou!

 

Se não fossem vocês…

pexels-photo-514914.jpeg

Hoje não tem crônica. Mas não necessariamente estaremos sem texto.

Porque hoje tem uma carta aberta de agradecimento. Um enorme obrigada que vem na sequência de um dia em que celebramos pessoas muito importantes.

Aquelas que sempre nos indicam os buracos pelo caminho. E dão risada e falam “eu avisei” quando nós, fatalmente, caímos em alguns deles.

São os irmãos selecionados fora da árvore genealógica, que nos acompanham por esse caminho maluco que carinhosamente chamamos de vida.

Sério, o que seria de cada um de nós se não existissem esses seres iluminados que insistem em ficar ao nosso lado mesmo nos piores dias, seja o mal humor de um estômago vazio até o choro compulsivo de uma perda terrível.

Nesse período de isolamento, não são somente humanos que nos acompanham e aconselham, mas também servem como a base para aqueles momentos de surto, quando precisamos de uma consulta psicológica gratuita ou somente uma companhia para assistir a um filme e esquecer por algumas horas toda essa situação assustadora que vivemos.

Só agradecimentos a todos os humanos que estão sempre dispostos a fazer uma piada para tirar um sorriso e iluminar um dia cinzento, aos que têm os melhores (ou piores) conselhos do mundo), aos que ficam cheios de orgulho quando dividimos as nossas alegrias e nos ajudam a buscar os caquinhos quando o nosso coração se parte. Seja para ir a um rolê que é furada, um cinema numa sessão cedo demais, um show que dá preguiça de ir, mas que vai só para constar, um aniversário que nunca esquece. A disposição dos amigos é algo incomparável. (e as desculpas para não sair também)

Ao longo da vida, muito passam pela gente. Alguns ficam, outros infelizmente se perder, mas cada um deles é especial da sua própria maneira. E se não fosse pela ilustre presença em nossa caminhada, tudo seria muito diferente.

Obrigada a quem não desistiu quando tudo ficou mais complicado, que entendeu a distância eventual e lutou para que os laços nunca se rompessem.

Amizade verdadeira é uma parceria que nunca tem fim, um companheirismo que transpõe as barreiras do tempo!

Hoje e sempre, ter pessoas assim faz com que o fardo do dia a dia seja menos pesado. Sinto uma gratidão enorme por todo mundo que eu tenho a honra de chamar de amigo.

Presencial ou à distância, sua existência é motivo de alegria eterna. Se não fossem vocês, estaria perdida.

Foto por Rhiannon Stone em Pexels.com

o amor, em sua melhor forma, está mais para um carrinho de mão do que para uma rosa: às vezes cheio de pedras, uma bagunça, mas também duradouro.

Modern love: Histórias reais de amor, perda e redenção, Daniel Jones, tradução: Ana Rodrigues.

Reticências #ResenhaDeQuinta

Screenshot_20200716-160329_1.jpg

Título/Autor/Editora: Reticências, Solaine Chioro. Agência Página 7

Avaliação: Reavaliando minha relação com os famosos 3 pontinhos.

O que eu mais tenho lido são livros curtinhos. Acho que, além de serem super práticos, são um enorme incentivo para aqueles momentos em que não temos muito tempo ou em que a leitura anda meio travada. Nesse isolamento, poder aproveitar uma horinha envolvida nas  mais diversas tramas também é algo maravilhoso!

O livro narra a história de dois jovens, Joana e Davi. Eles têm mais coisas em comum do que imaginam, inclusive, fora o fato do Davi ter ido trabalhar na redação da agência em que Joana é web designer, os dois tem uma relação especial com pessoas que conheceram online. Inclusive, as mensagens que eles trocam com as suas “arrobas” favoritas são a melhor parte do dia deles.

Esse refúgio digital deles, basicamente um webnamoro, faz com que tenham alguém para compartilhar as dificuldades do dia, falar sobre filmes, compartilhar playlists e momentos de fofura.

Mesmo com essa “semelhança” e após uma primeira impressão até que boa, os dois começam a ter alguns problemas de convivência por causa de um grande mal entendido. Isso faz com que troquem alguns olhares bravos e até frases ríspidas.

No entanto, algumas situações complicadas relativas a preconceito tornam a convivência deles mais amena, chegando até a se darem bem.

Não posso falar muito porque senão é spoiler. Mas posso dizer que gosto de duas ferramentas narrativas utilizadas na forma de criar esse universo dos dois: utilizar formato de “mensagens” para as interações dos personagens no instagram e os capítulos divididos em dois pontos de vista!

São poucas páginas, mas achei a história super envolvente e divertida. Tem uma dinâmica ótima e eu não consegui parar de ler até terminar!!(E eu lembrei muito de “Mensagem para você” enquanto lia – tá, esse é um BAITA spoiler!

Indico a leitura! Quem já conhece o livro, conta o que achou!

Até a próxima! =]