Vício em procrastinar

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Olha aí as horas passando

As listas de demandas se amontoando.

Oportunidades sumindo por entre os dedos das mãos que deviam produzir algo.

Mas estão ocupadas digitando grandes nadas.

Palavras e pesquisas a esmo.

Horas e horas perdidas, sem razão.

Desculpas e desculpas empilhadas junto aos planos que nem podem ser chamados de mal sucedidos.

Porque nunca saíram do papel.

Então não há como perder um jogo que nem começou.

Todas as vezes que prometeu que iria mudar.

Melhorar.

Correr atrás dos sonhos. Parar de se acomodar com aquilo que incomoda há tempos.

Onde está o momento em que gasta as pernas indo até esse objetivo?

Foi engolido pelas cobertas. Os cinco minutinhos, que se tornaram 10… 20… 30… 60…

E não houve mudança… aquele estalo. A criação de alguma coisa.

A saída para fazer algo que motiva. Dá orgulho.

Cadê as tentativas?

Ficam só presas a frases inspiradoras e bonitas, em mensagens, sempre atrasadas, para aqueles que insistem em não desistir de quem não dá a devida atenção.

Mesmo que nem sempre mereça o esforço, já que não faz valer aquilo que te oferecem.

A vergonha da procrastinação que persegue como uma sombra. Um carrapato que não larga.

A tristeza que a acomodação traz. A sensação de que nada nunca vai mudar.

Os litros de lágrimas salgadas que escorreram e o peso no peito por seguir vivendo assim.

Uma reabilitação que se inicia, termina, parece funcionar e termina em recaída.

E com os caquinhos da sua existência espalhados, recolhidos com cuidado. Alguns perdidos, outros inutilizados.

Tenta recomeçar. Esquecer as vozes que gritam. A necessidade de tomar as mesmas decisões. Cometer os erros de sempre.

A batalha é diária. A reação química tá rolando no organismo.

O vício é uma doença que precisa de cuidado…

Engole o choro, respira fundo. Todo dia é nova oportunidade para não (se) enrolar mais uma vez.

Foto por Lina Kivaka em Pexels.com