
Faz um tempo que eu não consigo acalmar a mente.
Os pensamentos parecem que foram plugados na tomada, 220 volts, potência alta.
Um turbilhão incoerente se forma a cada segundo. Impossível manter o foco, a concentração. Tudo se move lentamente, mas rápido demais.
Não consigo ler direito, ou, quando leio, não retenho as Informações.
Assisto todos os filmes e série na velocidade mais rápida. Pulo cenas.
Não aprecio os momentos, crio vínculos precários. Ainda que esteja presente, não vivo a experiência.
É como estar assistindo ao filme da vida, mas nada acontece completamente. Fico só naquela montagem, mas, no fim, não há transformação.
Há uma ansiedade e tédio constantes. Um sentimento de tempo perdido, a urgência de algo que está por vir, só que não dou a devida atenção. Perco o timing enquanto corro atrás de uma ilusão.
Aprisionada em um relógio cujos ponteiros estão desenfreados.
Corro o tempo todo.
Não sei por quê.
Nem para onde.
Muito menos de quê.
Ou como desacelerar
É uma Fórmula 1 da vida real, mas, no fim, não pareço conquistar a pole position, muito menos o campeonato.
Como o Coelho da Alice, pareço atrasada para tudo, mas, ao cair no buraco, não chego ao destino.
No fim, tô só a vaca do Twister, rodando sem parar no meio do furacão.
Buscando o ponto para ficar. A calmaria no meio da confusão.
Tem dias mais difíceis, outros nem tanto.
O relógio ainda tá rodando rápido, mas já consigo diferenciar os ponteiros.
Um segundo, um minuto, uma hora por vez. Vou (so)brevivendo nesse modo acelerado até conseguir viver na velocidade “normal”.