
Lembro que, de súbito, tudo era novo e assustador. Ainda que as notícias já falassem sobre o assunto, era distante.
Havia a ideia MUITO equivocada de que estava distante da gente. Lá do outro lado do mundo.
Até que bateu à nossa porta.
E nós, os que puderam, trancaram essas portas. Mantiveram distância. E estamos assim, distantes, há mais de um ano.
Obrigados a deixar a convivência diária e nos afastar de muitos dos nossos humanos amados. Para certas pessoas, significando 365 sem abraços aguardando o dia de matar a saudade. Outros terão que conviver com a saudade para sempre.
Alguns de nós foram para a linha de frente para combater o inimigo invisivel. E nossa gratidão é eterna.
Outros ficaram em casa lutando da forma como podiam.
Tudo tão confuso, incerto e tenso.
Os espaços, pequenos ou grandes, nos aprisionaram de forma claustrofóbica.
O cotidiano foi virado de cabeça para baixo. Nos adaptamos, lidamos com as necessidades da nova realidade.
Choramos, sofremos, respiramos fundo e começamos novamente. Às vezes, tudo isso antes do almoço.
Isolados, lhados. Com pressão para seguir a produtividade ou para aumentá-la.
A saúde mental ficou em algum lugar entre março e ontem. Ainda está procurando as pecinhas por ai.
Alguns não estão mais entre nós. A ausência é sentida, dolorida. Com a despedida que nem todos conseguiram ter. Mas um amor que vai seguir sempre em nossos corações.
E, após um ciclo completo, as coisas parecem iguais, às vezes pior. Uma repetição daquele início. Medo, insegurança, incerteza.
A cada dia torcemos pelo melhor, desejamos uma cura e temos a esperança de não repetir os mesmos erros e problemas no que parece o ano da marmota.