
Existem alguns monstros que a gente insiste em dar nome.
Abrir espaço em nosso corpo e mente.
Mas descobri recentemente que isso aí é uma baita de uma furada. E que esse “apelido” só fez com que a situação se mantivesse ativa por mais tempo do que deverua.
Tá, parece óbvio, você diz. Maaas, sempre pensei que se colocamos uma cara ou uma nomenclatura em algo parece menos assustador.
Dá a falsa impressão de que conseguiremos enfrentar mais facilmente. Ou, que se gritar MUITO alto , vai embora.
No entanto, foi o reverso. Nomear tornou o monstro confortável, deu a impressão de que era bem-vindo aqui dentro. De que podia se manter no meu corpo, engolir a minha saúde de dentro pra fora.
Ele quis se apossar de um espaço que eu mesma liberei. E não devia.
Se ajeitou confortavelmente, fez a caminha. Cochilou, comeu, refestelou sobre a minha bondade e nem pagou o aluguel do local onde esteve.
Agora, cabô issaê. As coisas serão enfrentadas de outra forma, com a distância que precisam ter e a seriedade necessária.
Não vai ganhar alcunha nenhuma. Não nomearei nada que não faça bem e que não deva permanecer comigo.
Ainda que seja algo que me deixe confusa ou com medo, vou encarar de frente. Com as nomenclaturas oficiais, dos especialistas que conhecem a fundo e sabem como se livrar disso.
Não vai ter nem um cantinho para se abrigar em cima das minhas inseguranças.
Terá a condição de intruso, como já deveria ter sido desde o começo.
Não ganha casa, comida e cabeça desarrumada para bagunçar ainda mais. Ganha só o tratamento de “chá de sumiço” e cuidados específicos para ir embora. Que é a única coisa que merece.
Meus monstros não terão nome, sobrenome e RG. Eles serão ilustres desconhecidos. Como merecem ser!
E sairão daqui, assim que não houver mais com o que se sentirem confortáveis e acolhidos dentro de mim.