
Ao redor, um mar de pessoas. Cada vez menos reconhecíveis.
Escondidas por trás de máscaras distintas.
Mas com a mesma intensidade no olhar.
Os mesmos medos. Só que agora, não consegue distinguir o rosto do que a assusta.
Todos viram uma parada de máscaras, como um desfile de novas forma, traços e cores.
Protegidas por camadas de tecido. Estão por todos os lados. A cada esquina, em cada carro.
Olhe para a frente. Para trás, estão todos aí.
Máscaras. Enfileiradas. Coloridas. Pretas, brancas.
Faltam sorrisos. Sobram olhares. Como expressar tantas sentimentos nas nossas janelas para o mundo?
Sempre estivemos mascarados, não é mesmo? Todos os dias, saíamos de casa colocando no rosto uma representação de nós mesmo.
Nossas máscaras de trabalho, sérias, responsáveis. Que tentam equilibrar as rugas de preocupação com o sorriso de nervoso. E trazem o semblante de orgulho quando algo dá certo.
A máscara social. Que usamos com os amigos, nos rolês. Nos romances. Como queremos que nos vejam de forma extrovertida ou como alguém que se sente confortável naquela situação. Seja uma grande festa ou um pequeno grupo de amigos num jantar.
Aquela que usamos para o amor. A que tentar expressar tudo o que temos em nosso coração, os sentimentos calorosos e, às vezes, os dolorosos.
A familiar. Quando temos que provar nosso crescimento, mas também demonstrar os sentimentos. Quando precisamos ser a voz da razão ou voltarmos a ser criança e fazer arte (e tomar bronca).
Temos tantas faces, escondidas, trocadas, selecionadas conforme as necessidades, cais, grupos.
E estamos, o tempo todo, buscando a ideal ou aquela que parece mais natural.
Mas, o que está embaixo dela? Quando não precisarmos mais utilizá-las. O que sobrará? Saberemos reconhecer aquele rosto?
No momento, devemos usar somente a máscara física. Aquela que nos protege e protege os outros. Mesmo assim, podemos aproveitar o momento para repesar naquelas que são “invisíveis”, que usamos para nos proteger DOS outros.
Será que são todas de uso obrigatório? Não seria bom mostrar o rosto para algumas pessoas de confiança? Uma parte de cada vez (caso dê medo de apresentar o todo).
Todos temos as nossas questões. E vamos trabalhando as poucos. E pedacinho por pedacinho, seremos inteiros, sem precisar nos esconder daqueles que amamos e nos amam.
Bora só usar as máscaras de saúde. As outras, a gente vai resolvendo com o tempo!
Texto levemente inspirado em Masquerade, do Fantasma da Ópera/ atual situação do mundo… #Misturaaaa
Foto por Ibolya Toldi em Pexels.com