
Uma onda invade o meu corpo.
Sem entender de onde veio, uma correnteza avança sobre as minhas costelas.
Sobre pelo meu peito. Pressiona com força.
Atava a minha garganta, Entope as vias.
Chega até a minha cabeça, tampa os meus ouvidos. Ocupa a minha boca.
Invade os meus olhos.
Enche todo o meu corpo de uma súbita vontade de esvaziar.
Deixar a água correr.
Destrói todas as minhas vias de acesso.
Impede os pensamentos de circularem.
É uma necessidade de dar vazão a toda essa água que se acumula em mim.
Fazendo força para deixar o ar passar.
Preciso me livrar da pressão.
O estômago se revira, as mãos tremem.
Não sei o que me acomete.
É como um tsunami em que o recuo foi só uma impressão, equivocada, de que estava tudo bem.
As barreiras estão fracas. Elas cederam sem que eu pudesse perceber.
Dezenas de pequenas estruturas de movendo com a força da água.
Peço ajuda, grito por socorro. Internamente.
Os olhos são o único caminho para saída de todo esse sentimento.
Deixo acontecer. Passar, esvair.
E inicio o processo de secagem das minhas próprias lágrimas.
Que lavam a minha alma ao circular por todas as partes do meu corpo.
Agora, recuperando os destroços, recolho tudo o que molhou. Vejo o que dá pra ser usado, o que foi perdido. E recomeço.
Foto por burak kostak em Pexels.com