
Título/Autor: ”Carta de Amor aos Mortos” de Ava Dellaira.
Avaliação: Enchendo a Cantareira com as lágrimas/Não há lencinhos o suficiente.
Já li dezenas de livros durante a minha vida. Alguns bons,outros ruins, todos importantes e parte da minha experiência de leitura..Pode-se dizer que eu encontro na ficção um lugar seguro, um mundo em que posso fugir quando a realidade não é o suficiente.
Entre todos esses livros, deparei-me tantas vezes com a morte
de personagens. Todas me afetaram, claro. Chorei por todos, alguns mais que os
outros. Mas todos receberam meu compadecimento.
Mas “Carta de Amor aos Mortos” foi diferente. Ele me afetou.
Foi um soco no estômago. Posso dizer que esse livro me fez mal. Não no sentido
de ‘foi a pior coisa que eu li”, ao contrário, foi uma das histórias mais bem
desenvolvidas e escritas que eu li nesse que é um dos anos mais “ativos” da
minha leitura.
O livro é tão bom que me fez sentir a dor da personagem e espelhar
isso na minha vida. Eu me imaginei perdendo alguém importante como a May era
para Laurel e isso foi o suficiente. A partir dai eu entrei em um vórtice de
tristeza.
Chorei ao terminar o livro, chorei antes de ir dormir. Tive
dificuldade em pegar no sono, chorei dormindo e acordei passando mal.
Não pensem que isso me fez odiar a leitura, não mesmo! Isso
me fez a admirar a autora, Ava Dellaira, por conseguir me colocar em sua história
de uma forma tão envolvente que agora, enquanto escrevo, sinto vontade de me
enrolar em posição fetal e chorar.
O livro foi tão marcante que eu precisava tirá-lo do meu
sistema, precisava escrever sobre isso. Coloquei o app de som de chuva pra
rolar, fiz a playlist #chatiada e comecei a jornada.
Passei o dia todo pensando na minha família, preocupada.
Pensei na sorte que tenho por estar com todos eles ao meu lado.
“Cartas de Amor” é um lindo romance de descoberta,
aprendizado, aceitação e amor. Cada um dos ídolos para os quais Laurel escreve
suas cartas é imortal a sua maneira e todos deixaram suas marcas e seus
“órfãos” pelo mundo.
Esse romance faz a gente sentir sentir, como a expressão em inglês
~feels~, emocionada, presa em suas mais de 300 páginas de confissão
àqueles que já não estão por aqui, mas nunca foram embora.
Laurel é uma garota de 15 anos que começou o Ensino Médio em
uma nova escola e recebe uma tarefa na aula de inglês: escrever uma carta a
alguém que morreu. Durante narrativa descobrimos fragmentos de sua vida, a dor
da perda de sua irmã mais velha, May, a separação dos seus pais, sua mãe
mudando-se para a Califórnia, o primeiro amor e as novas amizades…
Agora, depois desse desabafo, posso seguir a vida, procurar o
próximo livro que vai tirar essa sensação pós-leitura de “Cartas”. Mas com
certeza, essa leitura deixou uma cicatriz imortalizada em meu coração e na
minha prateleira.
Recomendo a todos a leitura, com o som da chuva e lenços de
papel ao lado.